Na última quinta-feira, Paulo Illes, coordenador do CAMI (Centro de Apoio ao Migrante de São Paulo), falou sobre “O estrangeiro em São Paulo: migrações e direitos humanos na América Latina”.O evento teve início com a apresentação do projeto de extensão universitária "Educar para o mundo" aos estudantes do IRI/USP. Os colegas protagonistas do projeto compartilharam a sua experiência de um ano de atividades de educação para os direitos humanos na Escola Municipal Infante D.Henrique, na comunidade do Canindé, em São Paulo, que possui grande número de alunos estrangeiros, sobretudo bolivianos, e lida diariamente com os desafios advindos da realidade multicultural ali instalada. A seguir, Illes aportou ao auditório o seu conhecimento a respeito realidade dos imigrantes em São Paulo, da ausência de uma verdadeira política migratória no Brasil e da inadequação da legislação brasileira que define o tratamento a ser dado aos estrangeiros.
Paulo Illes expressou, no início de sua exposição, o horizonte que direciona a atuação do CAMI e de diversas associações que trabalham com imigrantes: a construção de uma cidadania universal, que garanta a todos a possibilidade de viver dignamente em qualquer lugar do mundo (através do reconhecimento de direitos para os estrangeiros), inclusive no local de origem (através da cooperação para o desenvolvimento e da diminuição das desigualdades entre os países). A partir disso, elencou pautas concretas como a construção da cidadania sul-americana prevista no Tratado da UNASUL (União das Nações Sul-americanas), entre elas a participação em diversos outros foros internacionais que discutem a questão migratória, a possibilidade de harmonização das políticas migratórias dos países sul-americanos, o diálogo com os governos nacionais sobre o tema e a organização de eventos como a Marcha dos imigrantes, que dêem visibilidade às suas demandas. Finalmente, relatou o quotidiano do trabalho com os imigrantes e a complexidade das situações de vida destas pessoas, que envolvem ausência de direitos, exploração econômica, preconceito cultural e dificuldades de integração (Camila Baraldi, Doutoranda do IRI/USP).
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