sexta-feira, 22 de maio de 2009

A questão nuclear no Oriente Médio: ameaças iraniana e israelense


Para garantir o monopólio nuclear de Israel no Oriente Médio, ameaçado pelo desenvolvimento de armas nucleares no Irã, uma nova ameaça toma corpo. O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais de Washington tornou público um relatório de Abdullah Toukan e Anthony Cordesman que avalia a capacidade militar de Israel e seu programa nuclear, além do desenvolvimento do programa nuclear do Irã e seus meios de defesa aérea, dissecando os cenários possíveis de um eventual ataque contra o Irã. Eles concluem que uma ofensiva israelense sobre as instalações nucleares iranianas é possível, mas altamente arriscada e de resultado imprevisível. O texto está disponível em http://www.csis.org/media/csis/pubs/090316_israelistrikeiran.pdf

Enquanto os norte-americanos calculam ter tempo para negociar com o Irã, supondo que este só concluiria seu programa nuclear em 2013, forças israelenses sustentam que os iranianos já disporiam de armas nucleares este ano, daí a urgência de um ataque, que se tornaria impossível depois que o Irã dispusesse de tal armamento, modificando profundamente as relações estratégicas na região. Sob a perspectiva humanitária, a iminência de um ataque israelense ao Irã causa calafrios. Segundo os autores do relatório, caso Israel decida atacar o reator de Bouchehr, haverá uma catástrofe ecológica e perdas humanas massivas. A contaminação atmosférica se estenderá por um vasto perímetro e causará a morte instantânea de milhares de iranianos residentes nas proximidades. Centenas de milhares de pessoas serão vítimas de câncer devido à radioatividade. Os ventos do Norte fariam com que a radioatividade atingisse pesadamente também a Bahreïn, Qatar e Emirados Árabes. Trata-se de um grande desafio sob a mediação do novo governo dos Estados Unidos. Para Reuven Pedatzur, "é tempo de mudar nosso modo de pensar. Chega de declarações trovejantes e ameaças no ar: uma política de prudência, fundada numa estratégia coerente, é doravante a mais adequada. No momento da proliferação nuclear no Oriente Médio, todos os partidos presentes têm mais interesse em arrefecer as tensões do que soprar as brasas sob o fogo" (Le Monde, 20/5/09).
Imagens: foto AP/Ariel Schalit, charge de Stephff

Nenhum comentário:

Postar um comentário